segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Ecos de Outras Vidas


Há memórias que não vêm da infância.

São lembranças silenciosas, que não se explicam pela lógica, mas que se sentem no coração como se fossem ecos de um tempo distante.


Sempre que contemplo um castelo erguido contra o horizonte, sinto uma familiaridade estranha — como se já tivesse caminhado por aquelas pedras gastas, ouvido os ecos de vozes em corredores estreitos e sentido o peso da história em cada muralha. Há em mim uma ligação inexplicável à Idade Média, ao som de armaduras, ao tilintar de espadas e ao vento que sopra pelas ameias.


O mar Mediterrâneo desperta-me o mesmo chamamento. As suas águas parecem carregar segredos que conheço sem nunca os ter aprendido. O cheiro da maresia, a luz dourada sobre a costa, os portos antigos que foram cruzamento de povos e culturas — tudo isso me toca como se fosse parte de uma memória minha.


Talvez não sejam apenas gostos ou fascínios. Talvez sejam fragmentos de vidas passadas, gravados na essência da alma. Talvez tenha sido viajante, navegadora, ou até alguém que, de uma fortaleza à beira-mar, observava o horizonte à espera de barcos que regressavam.


Não sei ao certo quem fui.

Mas sei que em mim vive essa saudade do que não lembro, esse reencontro com lugares e épocas que me são familiares sem explicação

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